VINICIUS

Bibliografia

Vinicius ocupa um lugar singular na história da poesia brasileira. Um dos principais nomes da geração que surge na década de 1930, período logo posterior ao movimento modernista, sua poesia de escrita límpida e de linguagem fluida arrebatou em pouco tempo seus contemporâneos. Após seus primeiros livros, Vinicius permaneceu como um dos principais poetas do Brasil, publicando com frequência até a década de 1950. A partir desse momento, sua produção editorial fica mais esparsa. É nesse período que ele desloca sua poesia de prosódia perfeita e subjetividade intensa para a letra de música popular.

Ao atuar intensamente como compositor, ele articula de forma inédita e definitiva a alta qualidade poética de seus versos à renovação da produção musical brasileira do seu tempo. A poesia de Vinicius se tornou, a partir de então, uma espécie de fusão entre sua vasta cultura literária e a aplicação direta de sua poética pessoal em versos que tornaram-se ditos populares ou odes pessoais decalcadas na vida dos seus leitores. Ao longo do tempo, essa poesia de todos desloca-se do espaço metafísico e místico de seus primeiros livros para a incorporação lírica do mundo e de seus aspectos mais impactantes. A violência, a guerra, a pobreza, o amor perdido, traído, conquistado ou consumido, a balburdia das cidades e a placidez dos campos, a morte, a natureza, a solidão, as amizades, o Rio de Janeiro, o cinema, as artes plásticas e a própria poesia foram musas permanentes em sua escrita. O uso alternado entre formas fixas, como o soneto, e o verso livre, não atrapalharam em nada a leitura de sua obra e a popularidade crescente entre o grande público.

Nesta página estão listados os livros publicados em vida pelo poeta. Após a sua morte, foram editadas versões atualizadas de suas obras e outras inéditas, compostas de textos esparsos. A maior parte destes livros foi publicada pela Companhia das Letras e em 2016, a editora Nova Fronteira publicou "Obra reunida", uma versão atualizada e revisada da edição da Nova Aguilar, de 1998.

O site oficial de Vinicius de Moraes (www.viniciusdemoraes.com.br) disponibiliza para visualização em tela, todos os poemas dos livros listados nesta página.

O caminho para a distância

Schmidt Editora

Rio de Janeiro, 1933

O primeiro livro de Vinicius de Moraes já trazia no título o aspecto dramático que atravessava sua poesia de juventude. Com forte interesse pelas ideias dos intelectuais católicos e metafísicos do Rio de Janeiro de então, o poeta investe em longos versos sobre tormentas de sua alma e conflitos espirituais internos que davam o tom do grupo. Otavio de Faria, América Jacobina Lacombe, Augusto Frederico Schmidt e Lucio Cardoso eram alguns dos nomes que faziam parte da vida e das orientações intelectuais do jovem Vinicius. Com o primeiro poema publicado em 1932, na revista católica A Ordem, dirigida por Alceu Amoroso Lima, a carreira de poeta do jovem estudante de Direito do Catete estava selada, mesmo que ainda de forma tímida. Sua filiação quase completa aos temas católicos faz de sua estreia um esboço ainda distante do que, logo no livro seguinte, de 1935, já indica um poeta em deslocamento. Seus versos partem, aos poucos, rumo a temas mais amplos do que a questão católica. Neste livro, lemos ainda um poeta que olha o mundo através da fé, sem nunca perder, porém, o conturbado ponto de vista da alma.

Nota Bibliográfica
O volume traz o seguinte texto introdutório:

Este livro é o meu primeiro livro. Desnecessário dizer aqui o que ele significa para mim como coisa minha — creio mesmo que um prefácio não o comportaria normalmente.
São cerca de quarenta poemas intimamente ligados num só movimento, vivendo e pulsando juntos, isolando-se no ritmo e prolongando-se na continuidade, sem que nada possa contar em separado. Há um todo comum indivisível.
Seus defeitos de ideia são os meus defeitos de formação. Seus defeitos de construção são os meus defeitos de realizador. Eu o dou tal como o fiz, com todos os arranhões que lhe notei na fixação inicial, virgem de remodelações, na mesma seiva em que sempre viveu.
Ofereço-o aos meus amigos.
V.M. Rio, 1933

Índice

  • Místico
  • O terceiro filho
  • O único caminho
  • Introspecção
  • Inatingível
  • Revolta
  • Ânsia
  • Velha história
  • Purificação
  • Sacrifício
  • A floresta
  • Tarde
  • Rua da amargura
  • Vigília
  • O poeta
  • Mormaço
  • Romanza
  • Suspensão
  • Vazio
  • Quietação
  • Olhos mortos
  • A esposa
  • A que há de vir
  • Carne
  • Desde sempre
  • A uma mulher
  • Vinte anos
  • Velhice
  • Fim
  • Extensão
  • Minha mãe
  • Solidão
  • Os inconsoláveis
  • Senhor, eu não sou digno
  • O bom pastor
  • Sonoridade
  • O poeta na madrugada
  • Judeu errante
  • O vale do paraíso
  • A grande voz

Forma e exegese

Pongetti

Rio de Janeiro, 1935

Forma e Exegese marca a continuidade da carreira de Vinicius de Moraes como poeta. Ainda com 22 anos, era o segundo livro do jovem que ainda se apegava ao Simbolismo como escola dileta na hora de fazer versos ou escolher temas. As várias dedicatórias do livro para Arthur Rimbaud, Mallarmé, Claudel ou Jacques Riviére, selam a aliança do jovem poeta com sua matriz literária francesa e nos mostra a filiação poética que Vinicius ainda cultivava. Apesar do universo simbolista e de sua ligação com o meio intelectual católico do Rio de Janeiro, o livro apresenta alguns primeiros passos em poéticas que lhe seriam usuais futuramente. Poemas como “Ilha do Governador”, sobre sua infância no bairro carioca, ou “A volta da mulher morena” destacam-se dos longos versos herméticos e transcendentais. Eles já apontam para um Vinicius mais tangível e cotidiano, e que, não obstante, daria à sua expressão ainda mais beleza e profundidade.
Forma e Exegese foi um claro passo adiante do jovem poeta em relação ao seu primeiro livro e conseguiu ganhar destaque no meio literário do período. Mesmo sem ainda ter na ocasião a amizade que construiria ao longo da vida, ele recebe publicamente críticas positivas de um então já maduro Manuel Bandeira. Com o livro, Vinícius ganha o prestigioso prêmio Filipe d’Oliveira.

Nota Bibliográfica
Forma e exegese foi publicado em 1935 (Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti), 173 p. A epígrafe do volume é de J. Rivière - "Je ne vois clair qu'au contact de la vie." e é dedicado a Jean-Arthur Rimbaud e Jacques Rivière.
Em Antologia Poética, de 1954, os versos que compõem “Os malditos” e “O nascimento do homem” formariam um único poema, com o título de “O poeta”.

O livro é dividido em 5 partes:

I - (De "O olhar para trás" a "Ausência" - poemas de 1 a 6)
Epígrafe de León Bloy: "Souffrir passe, avoir souffert ne passe jamais."

II - (De "O incriado" a "Agonia" - poemas de 7 a 12)
Epígrafe de uma carta de Mário Vieira de Mello: "Deus existe, eu é que não existo.", e de Mallarmé: "- Le Ciel est mort. - Vers toi, j'accours! donne, ô matière.".

III - (De "A legião dos Úrias" a "A música das almas" - poemas de 13 a 19)
Epígrafe de Goethe: "Todo o efêmero não é senão símbolo.", e de Rimbaud: "… j'ai vu quelquefois ce que l'homme a cru voir.".

IV - (De "O bergantim da aurora" a "A lenda da maldição" - poemas de 20 a 24)
Epígrafe de Rimbaud: "Mais, vrai, j'ai trop pleuré. Les aubes sont navrantes / Toute lune est atroce et tout soleil amer.".

V - (Composta pelas três partes do poema "Os malditos")
Epígrafe de Rimbaud: "Assez! voici la punition: - En Marche!".

Índice

  • O olhar para trás
  • Sursum
  • Ilha do Governador
  • O prisioneiro
  • O bom ladrão
  • Ausência
  • O incriado
  • A volta da mulher morena
  • A queda
  • O cadafalso
  • A mulher na noite
  • Agonia
  • A legião dos Úrias
  • A última parábola
  • Alba
  • Uma mulher no meio do mar
  • O escravo
  • O outro
  • A música das almas
  • O bergantim da aurora
  • A impossível partida
  • Três respostas em face de...
  • Variações sobre o tema da...
  • A lenda da maldição
  • Os malditos
  • O nascimento do homem
  • A criação na poesia

Ariana, a mulher

Pongetti

Rio de Janeiro, 1936

Ariana, a mulher é uma separata, isto é, uma publicação dedicada a um único e longo poema. Ele reafirma o lugar místico que a voz poética de Vinicius assumia nessa época, narrando a procura da mulher ideal – e idealizada. Morte, solidão e trevas no seu embate com a natureza conduzem o poeta por um sonho ao redor de Ariana e sua pureza salvadora. 
O livro, de certa forma, está ligado ao momento em que Vinicius começa novas relações intelectuais e de amizade. Ele se desloca do fechado grupo católico que fez na Faculdade de Direito do Catete em direção a amigos mais ligados à boemia e a outros humores mais terrenos. No mesmo ano em que Ariana, a mulher é lançado, o jovem poeta ganha amigos que durariam para o resto da vida, como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Lucio Costa, Jayme Ovalle, entre outros. Apesar disso, Ariana ainda traz o forte traço lírico-espiritual que os próximos livros começariam a colocar em xeque. 

Nota Bibliográfica
Ariana, a mulher foi publicado em 1936 (Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti), 22 p. Foram tirados 300 exemplares, numerados de 1 a 300 em edição fora do comércio. O livro compõe-se de um único poema, que lhe dá título. Traz a seguinte dedicatória: "A José Arthur da Frota Moreira - em relembrança".

Índice

  • Ariana, a mulher

Novos poemas

José Olympio

Rio de Janeiro, 1938

Novos Poemas é o livro que aponta o momento de ruptura na obra poética – e na vida – de Vinicius de Moraes. O título, indicando a novidade, faz jus à renovação temática e formal de seus poemas. Adotando o soneto como espaço privilegiado de suas pesquisas com rimas e ritmos, aliando a forma fixa aos versos mais amplos e palavrosos que costumava a usar, e ainda usaria em outros momentos, o material publicado em Novos Poemas é definitivo para a entrada de Vinicius no time dos grandes poetas de sua geração. O livro é o quarto lançado por Vinicius no curto intervalo de cinco anos. Sua produtividade só crescia e a vontade de viver de literatura também. Como muitos escritores da época, ele oscilava entre o emprego público e o jornalismo como meios paralelos de sobrevivência. A literatura foi, aos poucos, conduzindo sua carreira e, mesmo que tenha se tornado depois embaixador e cronista, passa a ser conhecido desde então e para sempre como Poeta. 
O livro, pelo seu frescor, pela sua vivacidade renovadora em poemas como “Soneto de intimidade”, “A mulher que passa” ou “Lamento ouvido não sei onde”, gerou um texto de seu amigo e já então renomado poeta e crítico Mário de Andrade, homenageado pelo próprio Vinicius na dedicatória do poema “A máscara da noite”. O amigo, porém, não deixou de ser crítico. Apontou, de forma construtiva, defeitos na feitura de alguns poemas, entendendo ser um livro “de transição” para alguém que já podia reivindicar um lugar entre “os grandes poetas do Brasil”. 

Nota Bibliográfica

O livro traz uma dedicatória e uma epígrafe:
Aos caríssimos amigos Magu e José Claudio da Costa Ribeiro

Todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis.
Manuel Bandeira

Índice

  • Ária para assovio
  • Amor nos três pavimentos
  • Soneto de intimidade
  • Viagem à sombra
  • O mágico
  • Balada feroz
  • Soneto à lua
  • Invocação à mulher única
  • Soneto de agosto
  • A máscara da noite
  • A mulher que passa
  • Vida e poesia
  • Soneto simples
  • Sonata do amor perdido
  • A brusca poesia da mulher...
  • Soneto a Katherine Mansfield
  • O cemitério na madrugada
  • Princípio
  • Soneto de contrição
  • Idade média
  • Solilóquio
  • Soneto de carta e mensagem
  • A vida vivida
  • Lamento ouvido não sei onde
  • Ternura
  • Soneto de devoção
  • Balada para Maria
  • Três retratos
  • Poema para todas as mulheres
  • Soneto de inspiração
  • O falso mendigo

Cinco elegias

Pongetti

Rio de Janeiro, 1943

Após escrever quatro livros em cinco anos, Vinicius faz o inverso: fica cinco anos sem publicar. Nesse período, sua vida passa por uma série de intensas mudanças. Entre elas, a principal: casa-se com Beatriz Azevedo de Mello, a Tati, sua primeira mulher. Depois de breve temporada na Inglaterra para estudar literatura, mora na Gávea e, em 1940, tem a primeira filha, Susana. Muda-se para o Leblon e ingressa, em 1942, na carreira diplomática. 

O ano de 1942 foi decisivo na vida de Vinicius. É quando ele conhece outras realidades sociais no Rio e no Brasil ao lado do escritor norte-americano Waldo Frank. Outra viagem marcante foi a Minas Gerais, ocasião em que cria laços eternos com o Estado e faz amigos como Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Hélio Pellegrino. É também quando tem o primeiro impulso para começar a conceber o que anos depois seria a peça Orfeu da Conceição. Vinicius já era um homem maduro, casado, e atuava na imprensa carioca escrevendo principalmente sobre cinema. 

Assim, suas  Cinco Elegias são o resultado desse momento em que Vinicius encerra um ciclo de vida, ligado à juventude católica e a uma poética circunspecta, para inaugurar outro, ligado à vida nas ruas, aos amores derramados e a uma intensa atividade intelectual – seja nos livros e jornais, seja nos bares que reuniam a nata das artes e do pensamento carioca e brasileiro de então. 

Outro ponto para enxergarmos esse aspecto de balanço e superação do livro, além do arrojo formal e da experimentação com a linguagem poética que podemos encontrar em muitos dos seus versos, é a reunião do seu passado com o seu presente. O volume, feito com a ajuda de amigos como  Manuel Bandeira e Aníbal Machado – é dedicado a Otavio de Faria, Mario Vieira de Mello e José Arthur da Frota Moreira, amigos da juventude, aqueles que o levaram à poesia. Cinco Elegias fecha um período de Vinícius, publicando poemas que foram escritos ou iniciados ainda em 1937 e, seis anos depois, ganham corpo no livro. 

Nota Bibliográfica
Texto de apresentação, escrito por Vinicius para a primeira edição:

A Octávio de Faria, José Artur da Frota Moreira, Mário Vieira de Melo.

Dessas cinco elegias, as quatro primeiras foram ideadas e em parte escritas - a primeira e a segunda integralmente - em 1937, em Itatiaia, no sítio de Octávio de Faria, ali a meio caminho entre Campo Belo e a Cachoeira de Marombas, lugar que amo e onde passei alguns dos meus melhores dias. Nesse tempo, a terceira, essa que aqui vai com o título de "Desesperada", era para ser na realidade a quarta; em substituição havia outra; que se deveria chamar "Intermédio elegíaco" e afinal se transformou num drama lírico, com que ainda hoje ando lidando. Iniciada nessa ocasião, só fui terminá-la em fins de 1938, em Oxford, quando, estudante, ali assisti. A atual quarta foi a única que me perseguiu, inacabada, ao longo de todos esses anos. Há coisa de um mês, de repente, resolveu-se.

Quanto à última, escrevi-a de jato, naquele maio de 1939, em Londres, vendo, do meu apartamento, a manhã nascer sobre os telhados novos do bairro de Chelsea. A qualidade da experiência vivida e o lugar onde a vivi criaram-lhe espontaneamente a linguagem em que se formou, mistura de português e inglês, com vocábulos muitas vezes inventados e sem chave morfológica possível. Mas não houve sombra de vontade de parecer original. É uma fala de amor como a falei, virtualmente transposta para a poesia, na qual procurei traduzir, dentro de sonoridades estanques de duas línguas que me são tão caras e com arranjos gráficos e ordem puramente mnemônica, isso que foi a maior aventura lírica da minha vida.

V.M.
Junho de 1943

Capa de Joanita Blank e Manuel Bandeira.

Índice

  • Elegia quase uma ode
  • Elegia lírica
  • Elegia desesperada
  • Elegia ao primeiro amigo
  • A última elegia (V)

Poemas, sonetos e baladas

Edições Gavetas

São Paulo, 1946

Quando publicou Poemas, sonetos e baladas, Vinícius estava morando em Los Angeles. Ele assumira o primeiro cargo diplomático internacional e viajara com a família, já formada pela esposa Tati, e pelos filhos Susana e Pedro. O poeta conhecera Tati através de um grande amigo seu, o arquiteto e artista plástico Carlos Leão. No livro, o poema “Balada do Cavalão” é concebido – ou inspirado – nas visitas que Vinícius fazia à casa de Carlos no Morro do Cavalão, em Niterói. 

Foi justamente com Carlos que Vinícius fez seu livro, em 1946. Com 22 desenhos do amigo e 47 poemas seus, a editora paulista Gaveta, do pintor Clóvis Graciano, lança uma primeira edição com o reduzido número de 372 exemplares – o que a transformou até hoje em raridade de colecionador. O livro é mais um passo rumo à popularização e à qualificação pública do poeta maduro e pleno de recursos que Vinícius se tornara nos últimos anos. Afinal, um livro que abre com “Soneto de Fidelidade” e fecha com “Soneto de Separação” já mostrava seu impacto para a o presente e o futuro de nossa poesia. 

Vale ressaltar que, em 1974, o crítico Afrânio Coutinho organiza a Poesia completa e Prosa de Vinícius para a editora Nova Aguilar e, com a concordância do autor, batiza o mesmo livro como O encontro cotidiano. 

Nota Bibliográfica
Livro publicado em 1946 (São Paulo: Edições Gaveta), com 22 desenhos de Carlos Leão.

Registra o colofão, estampado no verso da folha de rosto:

Deste livro foram tirados 372 exemplares numerados tipograficamente e assinados pelo autor, sendo:
22 exemplares em papel vergé, numerados de 1 a 22, tendo cada exemplar um desenho original de Carlos Leão;
20 exemplares em papel bufon creme numerados de 23 a 42, tendo cada exemplar um poema manuscrito do autor;
E 300 exemplares em papel bufon numerados de 73 a 372.

Índice

  • Soneto de fidelidade
  • A morte
  • A partida
  • Marinha
  • Os acrobatas
  • Paisagem
  • Balada do cavalão
  • Canção
  • Quatro sonetos de meditação
  • O riso
  • Pescador
  • Barcarola
  • Lápide de Sinhazinha...
  • Soneto de despedida
  • O apelo
  • Notícia d'O Século
  • Soneto da madrugada
  • Sinos de Oxford
  • Trecho
  • Mar
  • Balada da praia do Vidigal
  • Cântico
  • A um passarinho
  • A estrela polar
  • Soneto do maior amor
  • Imitação de Rilke
  • Balada do enterrado vivo
  • Epitáfio
  • Soneto de Londres
  • Allegro
  • Soneto de véspera
  • Balada do mangue
  • Soneto a Octávio de Faria
  • Rosário
  • O escândalo da rosa
  • Soneto ao inverno
  • Soneto de quarta-feira de...
  • Saudade de Manuel Bandeira
  • Sombra e luz
  • Azul e branco
  • Balada de Pedro Nava
  • Soneto de carnaval
  • Balada das meninas de...
  • Marina
  • Poema de Natal
  • O dia da criação
  • Soneto de separação

Pátria minha

O Livro Inconsútil

Barcelona, 1949

Feito na prensa particular de João Cabral de Melo Neto em 1949, Pátria Minha é o que na época se chamava de plaquete (ou plaqueta). A publicação é feita a partir de um único e longo poema de Vinicius. Amigos desde 1942, quando Vinicius visita Recife com Waldo Frank, os dois funcionários do Itamaraty se correspondiam com frequência nessa época. Era o período em que Vinicius ainda estava em Los Angeles e João Cabral em Barcelona. Foi a partir do poema enviado para a leitura de João Cabral que ele teve o impulso de fazer os 50 exemplares do poema artesanalmente, na sua prensa e editora caseira conhecida sob o selo O Livro Inconsúntil. 

O livro foi uma surpresa para Vinicius, com quem Cabral deixou todos os exemplares. Em uma carta escrita em outubro de 1949, o poeta-editor diz em um p.s. para seu amigo carioca que: “Não distribuí o livro a ninguém. Faça-o a vontade. E me mande um com dedicatória”. 

Índice

  • Pátria minha

Antologia poética

A Noite

Rio de Janeiro, 1954

Organizado pelo próprio autor, esse livro é a primeira Antologia da obra de Vinicius. Publicado em 1954, apesar da primeira edição não trazer a data, é reeditado de forma ampliada em 1960, pela Editora do Autor, de seus amigos Rubem Braga e Fernando Sabino. Na edição de 1954, é o mesmo Rubem Braga quem assina a orelha do livro. 

A Antologia dava conta de um percurso de 21 anos de publicações, com livros então esgotados ou de tiragens limitadíssimas. Na apresentação da primeira edição, Vinicius dá a sua explicação para a reunião dos textos escolhidos pelo autor (por ele identificado como “A.”): 

“Poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondentes a dois períodos distintos na poesia do A.

A primeira, transcendental, frequentemente mística, resultante de sua fase cristã, termina com o poema "Ariana, a mulher", editado em 1936. Salvo, aqui e ali, umas pequenas emendas, a única alteração digna de nota nesta parte foi reduzir-se o poema "O cemitério da madrugada" às quatro estrofes iniciais, no que atendeu o A. a uma velha ideia de seu amigo Rodrigo M.F. de Andrade.

À segunda parte, que abre com o poema "O falso mendigo", o primeiro, ao que se lembra o A., escrito em oposição ao transcendentalismo anterior, pertencem algumas poesias do livro Novos poemas, também representado na outra fase, e os demais versos publicados posteriormente em livros, revistas e jornais. Nela estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.

De permeio foram colocadas as Cinco elegias (1943), como representativas do período de transição entre aquelas duas tendências contraditórias, - livro também onde elas melhor se encontraram e fundiram em busca de uma sintaxe própria.

Não obstante certas disparidades, facilmente verificáveis no índice, impôs-se o critério cronológico para uma impressão verídica do que foi a luta mantida pelo A.contra si mesmo no sentido de uma libertação, hoje alcançada, dos preconceitos e enjoamentos de sua classe e do seu meio, os quais tanto, e tão inutilmente, lhe angustiaram a formação.

Los Angeles, junho de 1949”.

Nota Bibliográfica
As orelhas da primeira edição trazem o seguinte texto de Rubem Braga (1913-1990):
Este livro reúne a maior e a melhor parte da obra de um dos grandes poetas do Brasil.

Vinicius de Moraes nasceu no Rio, em 1913, aqui se formou em Direito e entrou, por concurso, para a carreira diplomática. Serviu durante quatro anos no consulado brasileiro em Los Angeles e está no momento como secretário de nossa embaixada em Paris. Seu primeiro livro foi O caminho para a distância, do qual pouco aproveitou nesta seleção, seguindo-se Ariana, a mulher e Forma e exegese, com o qual conquistou o Prêmio Felipe de Oliveira. Publicou a seguir Novos poemas, Cinco elegias, Poemas, sonetos e baladas e Pátria minha que firmaram seu nome, no consenso da crítica, como o melhor poeta da turma que hoje entra pela casa dos quarenta. Alguns desses livros foram feitos em edições limitadas; todos estão há longo tempo esgotados, o que faz com que grandes admiradores de Vinicius de Moraes conheçam apenas uma pequena parte de sua obra. Esta seleção, feita pelo próprio poeta com a ajuda de amigos - principalmente Manuel Bandeira - adquire, assim, uma grande importância, pois possibilita um estudo da evolução do poeta e a admiração do que ele tem feito de mais alto e melhor.

Vindo de um misticismo de fundo religioso para uma poesia nitidamente sensual que depois se muda em versos marcados por um fundo sentimento social, a obra de Vinicius tem como constante um lirismo de grande força e pureza. Ainda com o risco de incorrer na censura dos que levam suas preocupações puritanas ao domínio das artes, não quiseram os amigos do poeta, principalmente o que assina esta nota, e assim se faz responsável por esta resolução, suprimir algumas palavras ou expressões mais fortes que de raro em raro aparecem em seus versos. Isso fará com que não seja recomendável a presença deste livro em mãos juvenis - mas resguarda a pureza de sua poesia, que tudo, em poesia, transfigura. Estamos certos de que, com a edição deste livro, a obra de Vinicius de Moraes ganhará uma popularidade maior, e passará a ter, entre o público, o lugar de honra que há muito ocupa no espírito e no sentimento dos poetas e dos críticos.

Índice

  • Balada dos mortos dos campos...
  • Repto
  • O poeta e a lua
  • Soneto da rosa
  • Valsa à mulher do povo
  • Cinepoema
  • Mensagem à poesia
  • O tempo nos parques
  • A manhã do morto
  • Mensagem a Rubem Braga
  • Balada da moça do Miramar
  • Balanço do filho morto
  • Balada das arquivistas
  • A Verlaine
  • A bomba atômica I
  • Aurora, com movimento
  • Balada do morto vivo
  • Sacrifício da Aurora
  • Crepúsculo em New York
  • Soneto da mulher inútil
  • O rio
  • Bilhete a Baudelaire
  • O assassino
  • Poema enjoadinho
  • Soneto do só
  • A pera
  • A paixão da carne
  • A ausente
  • A rosa de Hiroxima
  • O crocodilo
  • História passional,...
  • Epitalâmio
  • Conjugação da Ausente
  • O filho do homem
  • Soneto de aniversário
  • Poética
  • Elegia na morte de Clodoaldo...
  • Desert Hot Springs
  • Retrato, à sua maneira

Livro de sonetos

Livros de Portugal

Rio de Janeiro, 1957

Após a sua temporada na Embaixada de Paris, Vinicius é transferido para Montevidéu, com breve passagem pelo Brasil. No ano anterior, tinha encenado no Teatro Municipal a histórica montagem de Orfeu da Conceição. Vinicius estava às vésperas de iniciar sua série de composições com Antonio Carlos Jobim, canções que seriam o marco fundador da Bossa Nova. 

A primeira edição deste Livro de sonetos trazia três desenhos e um retrato (de Vinicius), feitos por Carlos Scliar (que tinha feito, no ano anterior, o programa e um dos cartazes de Orfeu). Traz também um texto introdutório de Luiz Santa Cruz. Na segunda edição, em 1967, o livro saiu pela editora Sabiá, de Rubem Braga e Fernando Sabino. A nova edição tinha o prefácio de amigo, Otto Lara Resende e continha 25 novos sonetos, inseridos por Vinicius. 

Índice

  • Soneto de Oxford
  • Sonetinho a Portinari
  • Soneto a Lasar Segall
  • Soneto de um domingo
  • Tríptico na morte de Sergei...
  • Soneto de Florença
  • Os quatro elementos
  • Soneto da hora final
  • Soneto a Pablo Neruda
  • Soneto no sessentenário de...
  • Soneto da espera
  • Soneto da rosa tardia
  • Soneto do gato morto
  • Anfiguri
  • Soneto de maio

Novos poemas II

São José

Rio de Janeiro, 1959

Entre o livro anterior (1949) e este (1956), a vida de Vinicius passou por uma série de mudanças. Um novo casamento (com Lila Bôscoli), o nascimento de duas filhas (Gerogeana e Luciana), a morte do pai, a ida para o posto em Paris, a concepção final do espetáculo Orfeu da Conceição e o encontro com seu parceiro Tom Jobim são algumas delas. 

O livro consiste na reunião de 17 poemas escritos nesse intervalo, reafirmando a dicção lírica de Vinicius e inaugurando alguns temas inéditos para sua poesia, como a causa operária, tema do célebre poema “O operário em construção”. 

Nota Bibliográfica
Na capa, há a seguinte indicação abaixo do título: (1949-1956). A numeração em romanos aponta para o livro Novos poemas, de 1938; já as datas registram, sem dúvida, o período em que os poemas do livro foram escritos.

Índice

  • A hora íntima
  • Menino morto pelas ladeiras...
  • Poema dos olhos da amada
  • O poeta Hart Crane suicida-se...
  • A brusca poesia da mulher...
  • Copacabana
  • A que vem de longe
  • Receita de mulher
  • Balada negra
  • Soneto do amor total
  • Balada das duas mocinhas de...
  • Máscara mortuária de...
  • O mergulhador
  • Pôr-do-sol em Itatiaia
  • Poema de Auteil
  • Genebra em dezembro
  • O operário em construção

O mergulhador

Atelier de Arte

Rio de Janeiro, 1968

O Mergulhador é um livro de Vinicius feito em parceria com o filho, o fotógrafo Pedro de Moraes. Sua tiragem na época foi de dois mil exemplares. Pedro começou a fotografar aos 14 anos e teve a oportunidade de ser um dos que registraram de perto o período da Bossa Nova e as amizades que circularam ao redor do seu pai. 

O livro consiste na reunião de poemas já publicados de Vinicius e selecionados por Pedro, ao lado das suas fotos. Feito em 1968, de forma quase independente, o livro tornou-se item de colecionador e fica como umas das poucas coisas positivas do ano em que Vinicius foi cassado pelo regime militar do seu cargo no Itamaraty. 

Índice

  • O incriado
  • Soneto de fidelidade
  • Soneto do maior amor
  • A hora íntima
  • Ausência
  • A morte de madrugada
  • Valsa à mulher do povo
  • Soneto do amor total
  • Soneto de quarta-feira de...
  • Balada do mangue
  • Balada das duas mocinhas de...
  • O mergulhador
  • Soneto de separação
  • Pátria minha
  • O operário em construção

Para viver um grande amor

Editora do Autor

Rio de Janeiro, 1962

Primeiro dos dois livros considerados parte de sua obra em prosa (o segundo é Para uma menina com um uma flor, de 1966), Para viver um grande amor é uma coletânea de crônicas escritas pelo autor nos jornais cariocas da década de 1950, principalmente as publicadas no jornal Última Hora, a partir de 1959. Além das crônicas, Vinicius apresenta poemas escritos em suas estadias nas embaixadas de Paris e Montevidéu. A Editora do Autor era a casa editorial fundada por seus amigos do peito Rubem Braga e Fernando Sabino. É um livro sobre amor, publicado em condições mais do que afetivas para o autor. Assim, o livro torna-se um espaço literário híbrido, em que prosa e poesia se entrelaçam, criando um sentimento completo ao redor do tema que o escritor apresenta no título. Segundo o próprio Vinicius escreve em sua “advertência” da primeira edição, a publicação de poemas em um livro de prosa é para dar “um balanço novo” nos seus textos. O poeta não consegue enxergar sua escrita, mesmo sem versos, fora do universo poético. E com razão, já que suas crônicas não perdem em nada para a força lírica de seus poemas. Vale o registro de que o livro só foi possível, segundo o próprio autor, graças à ajuda de sua secretaria Yvonne Barbare. Foi ela quem o auxiliou na seleção das crônicas publicadas entre mais de mil escritas por ele no período entre 1959 e 1962. Uma colaboradora privilegiada, que ajudou na constituição desse verdadeiro clássico da literatura brasileira, patamar que o livro atingiu ainda na sua própria época.

Para uma menina com uma flor

Editora do Autor

Rio de Janeiro, 1966

Segundo dos dois livros considerados parte de sua obra em prosa (o primeiro é Para viver um grande amor, de 1962), Para uma menina com uma flor consiste em uma coletânea de crônicas escritas pelo autor em um arco temporal de 25 anos. A primeira parte traz textos escritos por Vinicius entre 1941 e 1953. Já a segunda parte traz textos feitos pelo poeta entre 1964 e 1966, data de seu lançamento. Eles foram publicados em veículos como Sombra, O Jornal, Diário Carioca, Última Hora, Flan, Manchete, A Vanguarda e Fatos e Fotos.Como seu livro anterior, Para uma menina é lançado pela Editora do Autor, dirigida pelos amigos Rubem Braga e Fernando Sabino. O livro nos apresenta, portanto, um Vinicius “em dois tempos”. A primeira parte, cobrindo um período de 12 anos, traz o cronista que vivia entre o Rio de Janeiro e Los Angeles, com passagens marcantes por cidades como Ouro Preto e Recife. Apesar desse trânsito intenso entre tempos e espaços – elemento constitutivo da própria vida de Vinicius – é a cidade carioca, sua terra natal e uma de suas maiores e mais fiéis musas inspiradoras, que emana dos textos. Um Rio que sai do circuito circunscrito pela Bossa Nova, ou seja, o litoral da Zona Sul, e adentra os subúrbios, as favelas, os bondes, as ruas e, claro, as mulheres. O livro é um registro pungente e fundamental para entendermos a alma de um poeta na relação com sua cidade e seu tempo.

A arca de Noé

Sabiá

Rio de Janeiro, 1970

Mais conhecidos pelo disco feito para crianças, os poemas da A Arca de Noé foram escritos por Vinicius muitos anos antes de sua primeira edição. Eram feitos para seus filhos Suzana e Pedro de Moraes. Por muitos anos, eles ficaram guardados. Só em 1970, o conjunto de poemas infantis ganha o mundo. Seu lançamento ocorre na Itália, país onde a presença do poeta era constante, seja através de diversas visitas e temporadas ou de traduções de sua obra. 

É lá, justamente quando Vinicius conhece um amigo de Chico Buarque chamado Toquinho, que o disco com os poemas infantis é preparado. O disco é chamado L’Arca. No mesmo ano, seus poemas musicados na Itália são lançados em livro no Brasil. Dez anos depois, dois discos dedicados ao conjunto de poemas infantis de Vinícius também são lançados no país, com o mesmo nome do livro. 

A Arca de Noé tornou-se um dos livros mais populares de Vinicius de Moraes por ter criado um laço com as crianças. Todas as gerações têm nos seus poemas uma porta de entrada no mundo da literatura e da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, no âmbito musical, foi o primeiro trabalho que apresentou a ele Toquinho, parceiro até o fim da vida. 

Nota Bibliográfica
Capa e ilustrações de Marie Louise Nery

Índice

  • A arca de Noé
  • São Francisco
  • Natal
  • O girassol
  • O relógio
  • O pinguim
  • O elefantinho
  • A porta
  • O leão
  • O pato
  • A cachorrinha
  • A galinha-d'angola
  • O peru
  • O gato
  • As borboletas
  • O marimbondo
  • As abelhas
  • A foca
  • O mosquito
  • A casa